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O ex-prefeito de Salvador tem 42% das intenções de voto e o petista soma 38%; é um empate dentro da margem de erro, de 3 p.p.
Levantamento Genial/Quaest divulgado nesta 5ª feira (27.fev.2025) mostra o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) liderando numericamente a disputa pelo governo da Bahia com 42% das intenções de voto. É seguido pelo atual governador, Jerônimo Rodrigues (PT), que pontua 38%. Os 2 estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro, de 3 pontos percentuais.
Em 3º lugar, aparecem João Roma (PL), com 3%, e Kleber Rosa (Psol), com 1% das intenções de voto. Indecisos somaram 5%, enquanto 11% disseram que votarão em branco, nulo ou não vão votar.
O levantamento foi contratado pela Genial Investimentos e realizado de 19 a 23 de fevereiro com 1.200 brasileiros de 16 anos ou mais. O nível de confiança é de 95% para uma margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Eis a íntegra (PDF – 9 MB).
ACM Neto e Jerônimo Rodrigues disputaram as eleições para o governo da Bahia em 2022. Ambos foram para o 2º turno, que terminou com uma vitória apertada de Rodrigues, com 52,79%, contra 47,21% de ACM.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO
O trabalho de Jerônimo Rodrigues é aprovado por 61% dos baianos e desaprovado por 31%. Outros 8% disseram não saber ou não responderam.
A Quaest também perguntou aos entrevistados se eles acreditavam que Jerônimo Rodrigues merece uma 2ª chance como governador do Estado. Metade (50%) dos entrevistados afirmaram que sim e 44% que disseram que o chefe do Executivo estadual não merece. Outros 6% não souberam responder.
A pesquisa ainda perguntou ao eleitores qual avaliação fazem dos setores públicos. Entre os setores mais mal avaliados está o da Segurança Pública, com 39% de avaliação negativa; seguido pela Saúde, com 38%. Entre os setores mais bem-avaliados, figuram a Educação, com 48% de avaliação positiva; seguido da Infraestrutura, com 44%.
Em relação à criação de emprego e renda, 35% avaliaram a performance do Estado como positiva, enquanto 33% consideraram-na regular e 32%, negativa.
Para chegar aos resultados de avaliação dos setores, a Quaest pede aos entrevistados que atribuam uma nota de 0 a 10 para cada setor e considera como uma avaliação positiva as notas de 7 a 10, como regular as notas de 4 a 6 e como negativa os valores de 0 a 3.
O aplicativo Preço da Hora Bahia, que permite a pesquisa de preços de mais de 500 mil produtos vendidos no Estado da Bahia, completou o ano de 2024 com uma média de 100 mil usuários mensais. Além disso, deu um salto de 700 mil downloads acumulados em 2023 para mais de 850 mil no ano posterior.
De acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz-Ba), responsável pela gestão do app, os produtos mais pesquisados pelos usuários no ano passado foram gasolina, etanol, diesel, óleo de soja e cerveja na embalagem de garrafa do tipo long neck de uma marca específica. O mês de julho foi o de maior utilização do Preço da Hora, com 105 mil usuários. Já 24 de julho foi o dia com mais downloads (8 mil).
A principal funcionalidade disponibilizada em 2024 foi a Conta de Usuário, que permite ao usuário, de forma opcional, criar uma conta para salvar todas as informações de filtros, produtos, estabelecimentos favoritos e listas de compras. O objetivo é que o usuário não perca as informações salvas em caso de desinstalação do aplicativo ou mudança de smartphone. Segundo a Sefaz-Ba, essa funcionalidade é importante também porque abre caminho para outras, como o Alerta de Preços, que tem previsão de ser lançada em 2025.
O Preço da Hora Bahia pode ser baixado gratuitamente no Google Play e no App Store, e também utilizado diretamente no site precodahora.ba.gov.br. Os preços dos produtos têm como base as mais de 3,5 milhões de notas fiscais processadas por dia pela Sefaz-Ba em cerca de 200 mil estabelecimentos localizados em todo o estado.
Outras funcionalidades
Desde o seu lançamento, em 2020, o Preço da Hora foi sendo aprimorado e hoje conta com uma série de funcionalidades como: “melhor hora”, que indica o horário com menor movimentação para fazer as compras; “estabelecimentos e produtos favoritos”, que permite a criação de listas das lojas e das mercadorias favoritas; “lista de compras”, que possibilita a criação de uma relação de produtos para pesquisar; “informar problema”, em que o usuário pode relatar problemas diversos relacionados a estabelecimentos e produtos; e “histórico de preços”, que permite o acompanhamento do preço de um produto durante um período determinado.
O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) é o favorito para assumir o governo da Bahia após as eleições de 2026. É o que mostra pesquisa divulgada nesta segunda-feira 24 pelo instituto Paraná Pesquisas.
Neto lidera com mais de 50% das intenções de voto em todos os cenários estimulados apresentados aos eleitores – ou seja: pelas projeções, seria eleito em primeiro turno.
Os petistas Jerônimo Rodrigues (atual governador) e Rui Costa (ex-governador e atualmente ministro da Casa Civil) ficam com a segunda posição, quando apresentados. Outras alternativas, como os nomes do bolsonarismo, aparecem ainda mais distantes. Veja os números:
Cenário 1
ACM Neto – 52%
Jerônimo Rodrigues – 27,4%
João Roma – 8,1%
Kléber Rosa – 1,5%
Nenhum / branco / nulo – 6,8%
Não sabe / não respondeu – 4,1%
Cenário 2
ACM Neto – 56,4%
Jerônimo Rodrigues – 30%
Kléber Rosa – 1,7%
Nenhum / branco / nulo – 7,6%
Não sabe / não respondeu – 4,3%
Cenário 3
ACM Neto – 51,5%
Rui Costa – 27,4%
João Roma – 7,7%
Kléber Rosa – 1,4%
Nenhum / branco / nulo – 7,1%
Não sabe / não respondeu – 4,9%
Jerônimo questionado
Parte da explicação para os resultados desfavoráveis a Jerônimo, indica o levantamento do instituto, podem estar na avaliação do governador. Segundo a pesquisa, a administração do petista no comando do estado é questionada pela população baiana. A soma entre aqueles que consideram o trabalho “bom” ou “ótimo” é de 33,6%, numericamente abaixo daqueles que dizem que a atuação é “ruim” ou “péssima” (39%). Os que avaliam como regular são 25,7%.
PT tem vantagem para o Senado
O instituto monitorou, também, os cenários da disputa local para o Senado. A pesquisa, neste caso, mostra cenários favoráveis ao petismo na Bahia. Os apontados para representar o partido, Rui Costa e o senador Jaques Wagner, são os mais citados. Vale lembrar que cada estado vai eleger dois senadores em 2026 e cada participante da pesquisa pode escolher dois nomes. Veja os números:
Rui Costa – 43,8%
Jaques Wagner – 34%
João Roma – 24,6%
Doutora Raissa Soares – 11,2%
Angelo Coronel – 11%
Adolfo Viana – 7,4%
Márcio Marinho – 6,7%
Marcelo Nilo – 5,3%
Nenhum / branco / nulo – 12%
Não sabe / não respondeu – 4,7%
Os pesquisadores ouviram 1.640 eleitores em 65 municípios baianos entre os dias 17 e 20 de março. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A Casa 14, um dos principais espaços culturais do Pelourinho, centro histórico de Salvador (BA), foi desapropriada pelo governo da Bahia na última sexta-feira (28). Na data, artistas e baianas de receptivo se manifestaram contra o que chamam de “despejo” do casarão histórico pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult).
O imóvel situado na Rua Frei Vicente, nº 14, no Pelourinho, abriga há 20 anos a sede da RES Inexplicata e da Sole Produções, responsáveis pelo acolhimento de grupos de artistas profissionais e amadores.
As fundações também são responsáveis pela produção de eventos culturais no centro histórico, como o Flipelô, o São João do Centro Histórico, o Natal Salvador e o Projeto Viva o Centro. “Todos esses eventos são calendarizados e têm grande impacto cultural e econômico para a região”, disseram as fundações em nota.
A cessão de uso do imóvel de forma gratuita pela fundação está vencida desde 2017, de acordo com o órgão que apresentou a notificação de desocupação. “Há mais de 20 anos é ocupado pela RES Inexplicata sem qualquer contrapartida financeira”, diz o Ipac.
Do outro lado, a produtora Simone Carrera, responsável pela RES Inexplicata e Sole Produções, afirma que o local é mantido por recursos próprios e tem dificuldades de dialogar com o estado para regularizar o acordo.
Desde a saída do antigo diretor do Ipac, João Carlos, enfrentamos dificuldades para dialogar sobre a renovação do termo de cessão do espaço. Sem alternativa, recorremos à Justiça para evitar a perda desse patrimônio cultural que tanto contribui para a cena artística do estado
Simone Carrera, responsável pela RES Inexplicata e Sole Produções
A produtora ainda diz que os eventos cobrados, quando ocorrem, têm valores simbólicos: “Vejo isso como uma forma de retribuir ao mercado cultural baiano tudo o que ele me proporcionou.”
O Ipac afirmou que a desocupação de imóveis no centro histórico de Salvador (BA) faz parte de um plano de regularização de ocupação de imóveis. “O plano de regularização atende a uma demanda do Ministério Público da Bahia, que notificou o Ipac para que todos os imóveis comerciais ou institucionais, em condição irregular, sejam regularizados”, afirmou
Em 2023, o órgão do estado vistoriou o imóvel e decidiu pela reforma do casarão. Desde então, o instituto tem notificado a fundação para desocupação voluntária do prédio, “sem sucesso”, de acordo explica o Ipac.
Os artistas receberam o prazo máximo de 15 dias para retirar os bens móveis do local. Caso a casa não seja esvaziada no prazo, os materiais serão retirados pela unidade.
DE PRADO (BA) – Eram 5h da manhã quando o silêncio da aldeia Vale da Palmeira, uma retomada na Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, no extremo sul da Bahia, foi quebrado por sons de tiros e um helicóptero. Maria de Fátima, 31 anos, estava com três crianças em casa, quando acordou assustada ao ouvir golpes na porta. Depois viu policiais arrombarem a entrada armados de fuzis. “Cadê o Binho? Tem armas aqui?”, gritavam, enquanto reviravam a casa.
Outras famílias de indígenas Pataxó viveram o mesmo no último 20 de março, quando 150 policiais civis e militares da Bahia iniciaram a Operação Pacificar, na zona rural de Prado, para cumprir 12 mandados de prisão e sete de busca e apreensão.
Segundo as autoridades, a ação buscava desarticular grupos armados de “supostos indígenas” que, “a pretexto de estarem atuando em ‘retomadas’ de territórios de seus ancestrais, agem com violência e grave ameaça contra trabalhadores e proprietários rurais”.
Relatos de indígenas e registros da operação, no entanto, apontam excessos das forças da Bahia, como a intimidação de crianças, a retenção de celulares e documentos de identidade, a destruição de bens pessoais e até o possível uso irregular de balaclava por um “agente”, a fim de esconder sua identificação.
A Repórter Brasil questionou a Secretaria Estadual de Segurança Pública sobre as denúncias, mas o órgão dirigiu as perguntas à Polícia Civil da Bahia. Procurada, a corporação não retornou até a publicação da reportagem. O texto será atualizado se um posicionamento for recebido.
Combatidas pelo governo de Jerônimo Rodrigues (PT), as “retomadas” são o processo de ocupação e “autodemarcação” de terras tradicionais indígenas, que ocorrem há quase 30 anos no sul do estado. Foi uma saída encontrada pelos Pataxó para pressionar os governos federal e estadual pela demarcação, numa região onde as terras são cobiçadas para atividades de agropecuária e turismo.
Muitas vezes, as retomadas ocorrem em áreas já identificadas como indígenas, mas cuja demarcação não foi concluída. É o caso da Barra Velha do Monte Pascoal, um território de 44 mil hectares espalhados pelos municípios de Itabela, Itamaraju, Prado e Porto Seguro. Parte do local é ocupado hoje por fazendeiros, que alegam ser os proprietários. Com as retomadas, porém, as lideranças indígenas afirmam ter recuperado mais de 70% do território, instalando 19 aldeias nelas.
Binho, o homem que os policiais procuravam, é Nilson Berg Fonseca, o cacique da aldeia Vale da Palmeira. Ele é conhecido também como Bacurau, nome inspirado na ave de hábitos noturnos. O apelido não é por acaso. Ameaçado de morte por ser um dos líderes das retomadas, ele evita sair durante o dia por já ter sido baleado três vezes em ataques anteriores.
Enquanto os policiais vasculhavam a aldeia, separando homens de mulheres e crianças, aumentava o clima de terror. A mãe de Binho, Remungania Pataxó, ouviu um dos policiais gritar: “viemos para matar o Binho. Vamos achar ele por céu ou por terra”, relata.
No momento em que o avistaram, o relato de Binho é de que começaram a atirar em sua direção. O cacique diz que foi perseguido por homens “encapuzados” e “sem uniforme da polícia”. “Estavam com roupa normal. Só gritaram: ‘Para, para, para!’, e começaram a atirar. A minha reação foi correr mata adentro e me esconder”, diz ele, que não foi encontrado pelos policiais.
Vídeos gravados pelos indígenas mostram um homem sem uniforme e de balaclava em meio aos policiais durante a operação. Seria um pistoleiro, segundo os Pataxó. O governo da Bahia não comentou (Foto: Reprodução)
Já quem ficou na aldeia relata momentos de pânico. “A gente foi rendido, feito de refém o tempo todo, com arma na cara”, conta Maria de Fátima, que estava em casa com as três crianças, de 5, 8 e 12 anos. “Elas ficaram aterrorizadas. Não conseguem dormir, acordam gritando de medo. Qualquer barulho que escutam, já acham que é a polícia invadindo outra vez”, descreve.
A operação atingiu também outras aldeias em áreas de retomada. Ao todo 20 indígenas foram presos, incluindo dois filhos do cacique Binho, Tauã Braz Fonseca, 22, e Nauã Braz Fonseca, 23. “Meus filhos foram criminalizados por serem filhos do cacique Bacural”, reflete Binho. Segundo os familiares, 11 jovens continuavam presos até a publicação desta reportagem.
Denúncias de excessos policiais estão sob análise da Defensoria Pública do Estado da Bahia (Foto: Leandro Barbosa/Repórter Brasil)
Policiais acusam indígenas de saquear produtores
Os mandados da operação foram autorizados pelo juiz Gustavo Vargas Quinamo, da Vara Criminal de Itamaraju, atendendo a pedido da Delegacia de Polícia de Prado e do Ministério Público Estadual da Bahia.
A promotoria afirma na representação, obtida pela Repórter Brasil, que as retomadas foram perpetradas por crimes como roubo, cárcere privado, esbulho possessório, incêndio criminoso, formação de milícia privada e até tortura. O MP afirma ainda que as ações ocorreram em grupo, com uso de armas de fogo e táticas de intimidação, e atribui aos Pataxó o objetivo de expulsar fazendeiros da região por meio do terror. As fazendas São Jorge, São José, Caprichosa, Nedila e Santa Clara são algumas citadas como epicentro das tensões.
Já a Polícia Civil da Bahia acusa os grupos envolvidos nas retomadas de saquear produções agrícolas, roubar móveis e veículos, e até restringir a liberdade de proprietários e trabalhadores das fazendas ocupadas. O relatório de investigação criminal aponta também que o armamento utilizado seria fornecido por integrantes de facções criminosas, sendo pago “pelo volume de bens subtraídos durante as invasões”.
No entanto, as lideranças indígenas negam as acusações e sustentam que se trata de retomadas pacíficas de terras tradicionalmente ocupadas, e que as retomadas ocorrem devido omissão do Estado.
“Se nos acusam de querer o que não é nosso, que arranquem as plantações, passem o trator sobre as casas, que tirem tudo. Queremos apenas a nossa terra, nosso direito sagrado”, diz Naiá Pataxó.
Marcas da violência nas pernas de jovem Pataxó, após deflagração da Operação Pacificar (Foto: Leandro Barbosa/Repórter Brasil)
Jovem de 18 anos se feriu enquanto corria na mata e o capim cortava a sua pele (Foto: Leandro Barbosa/Repórter Brasil)
Na retomada Aldeia Nova, também na Barra Velha do Monte Pascoal, onde Naiá mora, indígenas também afirmam que os agentes teriam agido com truculência. “Eles mandaram colocar as mãos na cabeça e ajoelhar. Apontaram as armas para as crianças, separaram os homens das mulheres. Jogaram nossas coisas no chão, quebraram tudo e tomaram nossos celulares”, relatou a liderança.
O filho dela, Juatã Pataxó, 18, foi um dos indígenas levados à delegacia. Embora não tenha permanecido preso, ele conta que episódios racistas eram constantes. “Os policiais questionaram a nossa identidade. Diziam: ‘onde já se viu índios de cabelo enrolado’, ‘nunca vi índio preto’”, lembra. Seu irmão, Inarran Pataxó, 22, continua preso. Ele é acusado pelo MP pelos ataques à Fazenda Nedila, local retomado pelos Pataxó há cerca de três anos.
Para o cacique Binho, o foco da operação seria a prisão das lideranças Pataxó, e não a desarticulação de um grupo criminoso. Ele questiona, por exemplo, a apreensão de armas e munições pela polícia – um fuzil, uma submetralhadora, um revólver, espingardas e diversas munições teriam sido encontrados.
“Se realmente tivessem encontrado armas, todos estariam presos, inclusive as mulheres, por cumplicidade. Mas não foi o que aconteceu. Eles separaram os homens e os levaram para um galpão. Furaram os pneus dos carros, sem motivo algum, enquanto alegavam estar procurando armas”, afirma o cacique.
O MPI (Ministério dos Povos Indígenas) condenou em nota os atos de violência. A pasta disse que a região vive um conflito “com múltiplas camadas”, com “envolvimento de organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas e movimentos ruralistas”, o que exige medidas urgentes para proteger os Pataxó, “vítimas históricas de violências”.
A Defensoria Pública Estadual afirmou que está acompanhando o caso e que requisitou informações à corregedoria da polícia e à Secretaria de Segurança Pública sobre a operação. “As ações da polícia não devem desrespeitar o direito das comunidades”, diz a defensora pública estadual Aléssia Tuxá.
Para ela, a postura do estado da Bahia no caso revela um padrão preocupante: “O mesmo governo, que não dá respostas sobre os inúmeros indígenas assassinados no extremo sul da Bahia no contexto da luta pelo território, reprime com dureza as retomadas de terra em áreas em processo de demarcação”, afirma.
Pataxó acusam policiais de reter celular e furar pneus de veículos (Foto: Leandro Barbos/Repórter Brasil)
Uso de balaclava pela polícia da Bahia é alvo de críticas
Uma estratégia da Polícia Civil da Bahia que chamou atenção dos indígenas e das autoridades foi a presença de um homem sem fardamento e usando balaclava em meio aos policiais, durante a operação de 20 de março.
Quando os policiais estavam a caminho da aldeia Pé do Monte, no entorno do Monte Pascoal, os indígenas bloquearam a estrada com árvores. Em um vídeo gravado pela comunidade, eles questionam um policial militar sobre a presença do homem não identificado, que vestia camiseta azul, portava um fuzil e com o rosto coberto por uma balaclava preta. Aos Pataxó, um policial apenas diz na gravação: “ele tá com a gente. Quem tem que saber [quem ele é] somos nós”.
À Repórter Brasil, lideranças indígenas alegam que o homem seria um pistoleiro que atua na região a mando de fazendeiros. A Secretaria Segurança Pública e a Polícia Civil da Bahia foram questionadas sobre o assunto, mas não responderam.
O coronel reformado José Vicente da Silva Filho, da Polícia Militar de São Paulo, ressalta que toda operação policial deve ser pública e transparente e, por isso, a identificação dos agentes é obrigatória. “Por uma questão de legalidade, os policiais precisam ser identificados durante suas ações. Se houver erro ou excesso no uso da força, é fundamental que possam ser reconhecidos e responsabilizados”, afirma.
Ele enfatiza que, embora existam operações de inteligência em que agentes atuam sem identificação para coletar informações, o mesmo não se aplica a ações como essa, onde há contato direto com a população.
Sem comentar o caso em específico, mas tratando de operações policiais de modo geral, Mateus Moro — defensor público de São Paulo –, ressaltou que “num país democrático, não faz sentido o policial estar com balaclava”.
Naiá Pataxó questionou os policiais sobre o motivo da truculência, e ouviu deles que estavam apenas cumprindo ordens a mando do Estado. “Nós temos medo da polícia! Uma afirmação dessa é grave. Além de pistoleiros [nos atacarem], o Estado também está atacando a gente”, observa Naiá.
Para ela, a repressão policial busca intimidar os indígenas e enfraquecer a resistência. “Nós não somos essas pessoas más, como dizem. Somos pessoas de bem”, ela diz. “Meu filho está preso, meus parentes estão presos, mas eles vão sair. E nós não vamos desistir da nossa luta”, declarou.
Para a defensora Aléssia Tuxá, o caso expõe a crescente criminalização de lideranças indígenas na Bahia, “infelizmente com o respaldo de autoridades públicas”. “Estamos diante de um cenário de graves violações de direitos dos povos indígenas no Estado brasileiro que abriga a segunda maior população indígena do país”, finaliza.