AGU solicita investigação da PF sobre possível ação bolsonarista na rede contra o Banco do Brasil



Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo
O ministro da AGU, Jorge Messias 25 de agosto de 2025 | 21:45

AGU solicita investigação da PF sobre possível ação bolsonarista na rede contra o Banco do Brasil

A AGU (Advocacia-Geral da União) pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito policial para apurar uma suposta ação de bolsonaristas nas redes sociais contra o Banco do Brasil, citando um possível disparo massivo de publicações para aterrorizar a população. A notícia-crime foi enviada nesta segunda-feira (25) ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

Segundo o ofício, desde a última terça (19) diversos perfis em redes sociais teriam vinculado notícias falsas envolvendo agentes do sistema financeiro nacional, em especial o BB, em torno das sanções impostas pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky.

“Propagando desinformação, no interesse de pressionar agentes financeiros e gerar caos no Sistema Financeiro Nacional, perfis em redes sociais passaram a divulgar mensagens sugerindo a necessidade urgente de retirada de dinheiro dos correntistas do bancos”, diz a AGU.

De acordo com a notícia-crime, a ação teria sido articulada para “aterrorizar a sociedade com a perspectiva iminente de um colapso no sistema financeiro nacional”.

“Tais condutas têm o potencial de fomentar uma verdadeira corrida bancária para retirada de valores dos bancos, o que pode causar prejuízo à economia do país”, afirma o órgão no documento.

A AGU também cita um possível interesse em incitar a população contra integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal).

“Soma-se a isso uma intenção política no sentido de, relacionando tal colapso às atividades dos membros do Supremo Tribunal Federal, colocar a opinião pública contra o órgão judicial e constranger o Poder Judiciário em sua atuação típica.”

Na última sexta, o Banco do Brasil identificou a ação contra a instituição e a presidente Tarciana Medeiros passou a ser pressionada, por integrantes do Judiciário e por bancos, a tomar providências e acionar a PF.

Em ofício enviado à AGU em que pede a adoção de medidas jurídicas cabíveis, o BB ressaltou que o movimento de desinformação mira comprometer o Estado de direito e a segurança jurídica. Procurado, o banco não quis comentar o documento.

O advogado Jeffrey Chiquini, numa fala para um canal bolsonarista no Youtube, recomenda abertamente que as pessoas tirem imediatamente o dinheiro do banco. Uma publicação dele no X é mencionada na notícia-crime da AGU à PF.

Chiquini diz que o BB, um banco com controle estatal, acabará sendo punido pelos Estados Unidos por desrespeitar a Lei Magnitsky e atender o ministro do STF Flávio Dino —que, nesta semana, explicitou em despacho que leis de outros países não têm validade no Brasil.

“O Banco do Brasil é 51% estatal, o Banco do Brasil vai cumprir a decisão do Flávio Dino e o Banco do Brasil vai ser sancionado pela Lei Magnitsky e vai ser desligado do sistema Swift global. Tirem imediatamente seu dinheiro do Banco do Brasil porque ele será sancionado, isso é uma certeza”, disse ele no canal.

A medida foi definida pela Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, da AGU.

A Lei Magnitsky dos Estados Unidos foi aplicada contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. A norma impõe sanções financeiras, como congelamento de bens e proibição de negócios com cidadãos e empresas americanas, a estrangeiros acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. O cartão de crédito internacional de Moraes foi bloqueado.

Ana Pompeu/Folhapress



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Trump anuncia demissão de diretora do Fed e amplia pressão sobre banco central dos EUA



Foto: Reprodução/Instagram
O presidente dos EUA, Donald Trump 25 de agosto de 2025 | 23:22

Trump anuncia demissão de diretora do Fed e amplia pressão sobre banco central dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (25) que destituiu a diretora do Federal Reserve Lisa Cook de seu cargo devido a uma suposta fraude na documentação de uma hipoteca, ampliando sua pressão para que o banco central americano reduza as taxas de juros.

Trump fez o anúncio em uma carta direcionada a Cook publicada em suas redes sociais. “O povo americano precisa ter plena confiança na honestidade dos membros encarregados de definir políticas e supervisionar o Federal Reserve”, escreveu.

A diretora está no alvo de Trump ao menos desde semana passada, quando o presidente disse que pediria para ela renunciar devido à falsificação de documentos. Primeira mulher negra a fazer parte da diretoria do Fed, Cook disse na quarta-feira (20) que não tem “nenhuma intenção de ser intimidada a renunciar”.

Após o anúncio, os futuros da S&P 500 e o índice da Bloomberg que compara o dólar a outras moedas caíram, enquanto os rendimentos do título do Tesouro americano de 10 anos subiram.

Cook foi uma das diretoras que votou favorável à manutenção dos juros nos EUA entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada em julho, apesar da pressão constante de Trump sobre o presidente da instituição, Jerome Powell, de reduzir a taxa em três pontos percentuais.

A última reunião, porém, foi a primeira em que a decisão não foi unânime. Dois diretores, Christopher Waller e Michelle Bowman, defenderam um corte de 0,25 ponto. Ambos foram indicados por Trump. A ata mostrou que os dois estavam isolados ao defenderem a medida.

Presidentes podem remover membros do Federal Reserve do cargo apenas por justa causa. As leis que descrevem esse motivo geralmente relacionam o termo com ineficiência, negligência e atos ilícitos no cargo. Ainda não está claro como ou se Cook vai contestar a decisão.

O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês), que toma as decisões sobre juros, é composto por doze membros, sendo os sete membros do Conselho de Governadores (indicados pelo presidente e aprovados pelo senado), o presidente do Federal Reserve de Nova York e quatro dos 11 presidentes restantes em mandato rotativo.

O anúncio de demissão ocorre depois que o Departamento de Justiça indicou que planeja investigar Cook por uma denúncia de William Pulte, aliado de Trump e diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, de que ela teria cometido fraude.

Nas redes sociais, Pulte agradeceu Trump pela decisão desta segunda. “Se você cometer fraude hipotecária nos EUA, iremos atrás de você, não importa quem você seja”, escreveu.

Na semana passada, Pulte disse no X que Cook havia designado um condomínio em Atlanta como sua residência principal depois de tomar um empréstimo em sua casa no Michigan, que ela também declarou como residência principal. Pulte disse à CNBC que também está investigando uma propriedade que Cook tem em Massachusetts.

A diretora afirmou na ocasião que leva a sério qualquer questionamento sobre seu histórico financeiro como membro do Federal Reserve e que estava reunindo informações precisas para responder a qualquer pergunta legítima. Ela ainda não se manifestou após o anúncio de demissão.

Cook é uma das três diretoras do Fed com mandato que ultrapassa o período de governo de Trump. Além dos dois aliados, o presidente ainda indicou Stephen Miran temporariamente para a diretoria, mas seu nome ainda precisa ser aprovado pelo Senado.

Na sexta-feira (22), Powell sinalizou em discurso um possível corte nos juros americanos na próxima reunião da autarquia, em setembro, embora ainda esteja cauteloso.

Folhapress



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CNI contrata lobista próximo de Trump às vésperas de viagem a Washington para negociar tarifas



Foto: Michelle Fiovante/Arquivo/Divulgação
Ricardo Alban 26 de agosto de 2025 | 06:42

CNI contrata lobista próximo de Trump às vésperas de viagem a Washington para negociar tarifas

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) contratou o escritório de um lobista ligado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às vésperas de uma viagem ao país para tentar reverter as tarifas impostas pelo republicano a produtos brasileiros.

O presidente da entidade, Ricardo Alban, vai a Washington para uma missão entre os dias 3 e 4 de setembro, acompanhado por representantes de uma série de setores.

A agenda incluirá conversas com empresários americanos, reunião na embaixada do Brasil nos EUA e uma audiência pública no USTR, o órgão americano que trata de comércio internacional, a respeito da investigação tarifária aberta contra o Brasil.

A reunião no USTR estava marcada previamente para ouvir as entidades que formalizaram apontamentos a respeito da investigação comercial aberta contra o Brasil, como fez a confederação. Caberá ao embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor da OMC (Organização Mundial do Comércio), representar o setor industrial na ocasião.

Como reforço à missão, a CNI contratou Brian Ballard, que tem uma das maiores firmas de lobby (profissão regulamentada nos EUA) em Washington, além de um escritório de advocacia.

Segundo o contrato, cuidarão da conta o próprio Ballard e Hunter Morgen, que atuou com comércio externo e imigração durante o primeiro mandato de Trump. Morgen foi também adjunto de Peter Navarro, que na primeira passagem do republicano pela Casa Branca, tinha o cargo de diretor do Conselho Nacional de Comércio.

Navarro atua hoje na Casa Branca como um dos principais conselheiros do presidente dos EUA para tarifas.

As negociações entre Estados Unidos e Brasil estão travadas desde que Trump anunciou que taxaria os produtos brasileiros em 50%, em 9 de julho.

As sobretaxas entraram em vigor em 6 de agosto e atingem 36% dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA, segundo o governo brasileiro. Foram afetados itens importantes na relação comercial entre os dois países, como máquinas agrícolas, carnes e café.

Trump criou 700 exceções no decreto (leia a íntegra) que oficializou a medida, livrando 43% do valor de itens brasileiros exportados para o país das novas alíquotas, como mostrou levantamento feito pela Folha. Estão isentos do tarifaço, por exemplo, derivados de petróleo, ferro-gusa, produtos de aviação civil —o que livra a Embraer— e suco de laranja.

A CNI diz que um dos objetivos é conseguir ampliar o número de exceções. O governo americano tem resistido a negociar com o Brasil. Trump atrelou as tarifas, em parte, ao que vê como uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governo brasileiro e o STF (Supremo Tribunal Federal) têm sido firmes ao afirmar que não cederão na parte política e que apenas topam negociar a questão comercial. Enquanto isso, o diálogo está travado.

Apesar da dificuldade, Ballard disse à Folha ver espaço para conversar.

“Vamos focar nas exclusões, no que podemos fazer. Eu realmente acho que há espaço para mais. Estamos tendo conversas agora, não quero entrar nos detalhes disso, mas acho que há uma disposição para não prejudicar aquelas empresas e indústrias brasileiras que têm um papel importante na economia dos Estados Unidos”, avalia.

“Acho que precisamos encontrar uma maneira de fazer isso sem minar o principal objetivo do presidente [Trump], que é tentar fazer com que o governo brasileiro entenda a importância do que está acontecendo quanto à questão do ex-presidente [Bolsonaro]”, diz.

Integrantes da CNI dizem que o objetivo é fazer uma missão independente, sem ligação com o governo e com o foco empresarial para tentar ampliar as chances de negociação. A contratação de um lobista próximo à Casa Branca entra nesse contexto. A confederação não quis comentar a escolha de Ballard.

O lobista foi um dos grandes arrecadadores de fundos para as campanhas de Trump. Também já trabalhou para as Organizações Trump no passado.

A chefe de gabinete do republicano, Susie Wiles, e a secretária do Departamento de Justiça, Pam Bondi, trabalharam em sua empresa, fundada na Flórida.

O site Politico reportou em maio que o presidente americano havia rompido com Ballard em razão de um desentendimento ligado a um dos seus clientes. No mesmo mês, porém, o site Axios escreveu que o lobista havia se encontrado com Trump e Willes e resgatado os laços na Casa Branca.

O escritório de Ballard atua para gigantes americanas, como a Chevron, Bayer, JP Morgan, entre outras. Além da CNI, ele tem contrato com pelo menos outras cinco empresas brasileiras.

Dirigentes de diversas associações vão acompanhar a CNI na missão da semana que vem. Segundo a confederação, confirmaram presença até agora os representantes de associações de brinquedos, máquinas e equipamentos, têxtil, alumínio, carnes, madeira, café, ferramentas, cerâmica, entre outros.

A Embraer também é uma das empresas confirmadas na missão.

Julia Chaib/Folhapress



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Faturamento com venda de remédios cresce 11,5% no primeiro semestre de 2025



Foto: Fábio Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil
A indústria farmacêutica do país fechou o primeiro semestre deste ano com crescimento de 5% nas vendas de medicamentos ante o mesmo período de 2024 26 de agosto de 2025 | 08:13

Faturamento com venda de remédios cresce 11,5% no primeiro semestre de 2025

A indústria farmacêutica do país fechou o primeiro semestre deste ano com crescimento de 5% nas vendas de medicamentos ante o mesmo período de 2024. Ao todo, foram mais de 5,7 bilhões de embalagens comercializadas, sendo 78% desses medicamentos feitos no Brasil.

Além do crescimento no volume de unidades comercializadas, o setor também foi ajudado pelos reajustes nos preços dos medicamentos, que subiram até 5% no início do ano. Isso fez com que, em valores, fossem movimentados R$ 138,3 bilhões —aumento de 11,5% na comparação com o primeiro semestre de 2024.

Dados compilados pela Alanac (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais) com base nos indicadores do IQVIA e do Ministério da Saúde mostram que a venda de genéricos e similares é o principal propulsionador da indústria nacional.

Nas vendas por segmentos entre janeiro e junho, os genéricos lideraram com 2 bilhões de unidades. Medicamentos similares aos de referência tiveram 2,1 bilhões de unidades comercializadas, enquanto os medicamentos de referência, cujo mercado é dominado por multinacionais, chegaram a 305 milhões de unidades.

Para se ter uma ideia, o setor registrou um crescimento de 180% de unidades comercializadas no país nos últimos 25 anos, sendo que, de 2020 até agora, a alta foi de 19% nas vendas.

Com uma legislação regulatória mais amadurecida, as empresas locais foram beneficiadas com o avanço tecnológico e o aumento na procura dos brasileiros por medicamentos, que hoje conta com diversificação de portfólio para terapias e demandas diversas.

Em 2000, quando a lei dos genéricos completou um ano em vigência, os laboratórios contavam com menos de 5.000 remédios registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Hoje já são mais de 17 mil produtos.

A participação de mercado também variou consideravelmente: há 25 anos, as vendas do mercado farmacêutico eram divididas ao meio entre empresas nacionais e multinacionais. Hoje, com a dominância dos laboratórios brasileiros, as estrangeiras ocupam 20% do setor, vendendo principalmente medicamentos de referência, e a previsão é de que até 2030 essa participação seja reduzida a 10%.

“O desempenho da indústria nacional demonstra a relevância dos genéricos e similares como pilares de acesso e sustentabilidade para o sistema de saúde brasileiro. São os laboratórios locais que sustentam a maior parte das embalagens que chegam às farmácias e hospitais do país”, afirma em nota Henrique Tada, presidente executivo da Alanac.

O balanço dos últimos 25 anos serão apresentados pela associação nesta terça-feira (26), durante o seminário Difan, fórum de desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional, em Brasília.

“Quando olhamos a série histórica desde 2021, vemos uma consolidação da indústria nacional. Os laboratórios brasileiros sustentam a base de produção, garantem acesso a medicamentos essenciais e, ao mesmo tempo, investem em inovação e tecnologia para competir com as multinacionais”, diz o executivo.

Segundo a associação, o SUS (Sistema Único de Saúde) é o principal comprador do setor, hoje responsável por 74% da demanda total de medicamentos genéricos e similares comercializados no país.

Até 2030, quando devem vencer cerca de 1,5 mil patentes de medicamentos, o setor projeta uma nova onda de genéricos e similares nas farmácias brasileiras.

“O papel do setor nacional no abastecimento de medicamentos essenciais é hoje estratégico. O desafio está em conciliar acesso, qualidade e políticas de inovação que permitam ao país avançar como produtor e exportador de tecnologia farmacêutica”, pontua Tada.

Diego Felix/Folhapress



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Dólar abre em baixa com dados de inflação e demissão no Fed em foco



Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo
O dólar abriu em queda nesta terça-feira (26) 26 de agosto de 2025 | 10:15

Dólar abre em baixa com dados de inflação e demissão no Fed em foco

O dólar abriu em queda nesta terça-feira (26), com investidores avaliando dados da inflação brasileira e a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir uma diretora do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA).

Às 9h05, o dólar caía 0,21%, a R$ 5,4029 na venda. Na segunda (25), a moeda americana fechou em queda de 0,21%, a R$ 5,4138, e o Ibovespa teve alta marginal de 0,04%, a 138.025 pontos.

O mercado repercute a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse na segunda-feira (25) ter destituído a diretora do Federal Reserve Lisa Cook. Entretanto, Cook disse que a sua demissão anunciada pelo republicano não tem amparo legal e que também não vai renunciar ao posto.

Na cena doméstica, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), considerado uma prévia do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), registrou deflação (queda) de 0,14% em agosto, a 1ª em mais de dois anos. O dado foi divulgado nesta terça (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O mercado também permanece atento às negociações comerciais envolvendo os EUA e ao possível corte de juros da economia americana.

Investidores também continuam repercutindo o discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, na última sexta (25), no qual ele indicou um corte nos juros americanos.

Na visão de analistas do BB Investimentos, nesta semana o mercado deve voltar suas atenções às perspectivas de corte de juros nos EUA e o impulso que esse novo ciclo pode dar aos ativos de risco, incluindo os de mercados emergentes.

Em relatório, eles destacaram que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou na semana passada a chance de flexibilização dos juros nos EUA em razão de indicadores econômicos mais recentes, notadamente os impactos do mercado de trabalho que vem desaquecendo, ainda que a inflação tenda para alta.

“Caso o mercado forme consenso sobre os rumos da política monetária nos EUA conforme as sinalizações mais recentes, entendemos que o Ibovespa tem espaço para testar novamente seu topo histórico, em 141,5 mil pontos”, afirmaram em relatório a clientes nesta segunda-feira.

“Para isso, precisa romper a barreira dos 139,3 mil pontos”, acrescentaram, destacando que a frustração de expectativas pode ocasionar quedas acentuadas, com primeiros suportes imediatos em 136 mil e 134,3 mil pontos.

Em Wall Street, o começo da semana é marcado por ajustes, com S&P 500 em baixa de 0,43% na segunda. Já o Dow Jones caiu 0,77% e o Nasdaq teve leve queda de 0,22% na sessão da véspera.

“O mercado continua especulando sobre a disposição do Fed em cortar juros no mês que vem. O discurso de Powell deixou o caminho em aberto, mas a agenda da semana deve trazer respostas mais objetivas”, disse Diego Costa, diretor de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP.

O Fed vem mantendo a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado, antes de Donald Trump ser empossado. Foram cinco reuniões neste ano que os diretores optaram pela manutenção da taxa, apesar da pressão de Trump, que defende uma redução de três pontos percentuais.

Antes do discurso de Powell na sexta, operadores precificavam pouco menos de 70% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros durante a próxima reunião, entre 16 e 17 de setembro, com os 30% restantes apostando em mais uma manutenção. Agora, a probabilidade de uma redução está em 84%, segundo a ferramenta Fed Watch.

Para os mercados de renda variável e de câmbio, cortes nos juros do Fed são uma boa notícia, já que normalmente vêm acompanhados de uma injeção de recursos de investidores egressos da renda fixa norte-americana. Quando os juros por lá caem, os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos também caem, levando os operadores à diversificação de investimentos.

Outro ponto que pode beneficiar o Brasil é o aumento no diferencial entre os juros brasileiros e americanos, o que favorece o fluxo de dólares para o país, reduzindo o valor da moeda americana ante o real.

Já na agenda econômica, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará na manhã desta terça (26), o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de agosto. A expectativa de economistas é de deflação. De acordo com analistas consultados pela Bloomberg, deve haver redução de 0,2% nos preços na comparação mensal. Já em 12 meses, a previsão é de alta de 4,89%.

Na quinta (28), será a vez do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), da FGV. A previsão é de um ganho de 2,87% na comparação anual e de 0,20%, na mensal.

Na sexta (29), será a vez da inflação dos EUA, o PCE. O mercado espera que a alta de preços tenha acelerado de 2,79% em junho para 2,9% em julho.

Folhapress



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