Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), o Zambiapunga será celebrado no município de Nilo Peçanha, no Baixo Sul do estado, durante a VI Semana de Arte e Cultura Zambiapunga, que acontece a partir desta quinta-feira (30) até sábado (1º). A manifestação, uma das mais expressivas do patrimônio imaterial baiano, reafirma a força das tradições afro-brasileiras.
A programação inclui apresentações artísticas, cortejos, oficinas, exposições e Feira de Economia Solidária, reunindo a comunidade local e visitantes em torno da preservação dessa herança ancestral. A abertura contará com roda de capoeira e show de Magno Netto e convidados. Nos dias seguintes, o público poderá participar do Zambiapunga Mirim, feijoada comunitária, rodas de música e do tradicional cortejo da madrugada do Dia de Finados, momento de grande emoção e simbolismo para os moradores de Nilo Peçanha.
Símbolo de resistência e fé
Originário dos povos bantos do Congo e de Angola, o Zambiapunga é uma expressão que une o sagrado e o profano em um ritual de resistência e espiritualidade. Na madrugada de 1º de novembro, grupos mascarados percorrem as ruas da cidade ao som de enxadas, caixas, cuícas e búzios, evocando uma atmosfera de purificação e celebração da ancestralidade.
O nome “Zambiapunga” deriva do termo banto “Nzambi ampunga”, que significa “Deus Todo-Poderoso”, representando a conexão espiritual entre o humano e o divino.
A arte das máscaras e os significados das cores
As máscaras, elementos centrais do cortejo, são confeccionadas artesanalmente com lama e papel, depois secas e pintadas em cores intensas como vermelho e preto. Esse processo, conhecido como “confecção do medo”, transforma o temor em arte e reafirma a força simbólica da comunidade.
Entre os personagens principais estão o Diabo, vestido de vermelho, e a Morte, de preto, que simbolizam a dualidade entre vida e morte, luz e sombra. As cores dos trajes e chapéus também possuem significados: amarelo para alegria, vermelho para vitalidade, verde para equilíbrio e roxo para espiritualidade — elementos que reforçam o caráter ritualístico da manifestação.
Patrimônio vivo da Bahia
Inscrito desde 2018 no Livro do Registro Especial das Expressões Lúdicas e Artísticas, o Zambiapunga representa um dos mais importantes símbolos da identidade cultural do Baixo Sul. O reconhecimento concedido pelo IPAC destaca o valor histórico e social dessa tradição, que há gerações mantém viva a memória e os saberes da comunidade nilopeçanhense e reafirma o compromisso do estado com a valorização da diversidade cultural.
Entre as iniciativas de valorização e continuidade da manifestação, está o projeto “Zambiapunga Mirim – Cantos, Encontros, Mistérios e Resistência de Taperoá”, apoiado pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB-BA). Com investimento de R$ 50 mil, a ação promove oficinas para crianças e adolescentes, incentivando o aprendizado e a transmissão dos saberes tradicionais às novas gerações.
A VI Semana de Arte e Cultura Zambiapunga é uma realização do Grupo Folclórico Cultural Zambiapunga, em parceria com a Prefeitura de Nilo Peçanha, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, com apoio do Governo do Estado da Bahia através do IPAC e dos Centros Públicos de Economia Solidária (Cesol), além de padrinhos culturais.
Programação 2025
30/10 – Quinta
18h – Abertura da Feira de Economia Solidária
19h – Roda de Capoeira
20h – Show de Magno Netto e convidados
31/10 – Sexta-feira
Manhã: Oficinas com escolas e agentes culturais; exposições e rodas de conversa
18h – Caminhada Cultural e início da Feira
19h – Abertura oficial da Semana
20h – Roda de músicos locais
22h às 2h – Shows de Nonoge, Samba de Saubara e Lívia Oliveira
01/11 – Sábado
2h – Saída da Alvorada
4h – Cortejo principal
6h – Concurso de Máscaras e Lêlê de Dionê
8h – Feijoada comunitária
Até 12h – Resenha Zambia
18h – Início da Feira e Cortejo do Zambiapunga Mirim
20h – Samba de Saubara
21h – Encerramento com Papa Capim
Fonte: Ascom/IPAC





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