Produto que faz parte da identidade cultural baiana e majoritariamente produzido pela agricultura familiar, o dendê deverá ganhar um programa voltado à recuperação e ao fortalecimento da sua cadeia produtiva no estado, especialmente na região do Baixo Sul. A decisão foi tomada durante a primeira reunião da Câmara Setorial do Dendê, realizada na manhã desta segunda-feira (10), em formato híbrido, na sede da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), no Centro Administrativo da Bahia.
Durante o encontro, além da definição das diretrizes do programa, que contemplará ações voltadas à melhoria da qualidade do fruto, à preservação da produção artesanal e à valorização do azeite tradicional, também ocorreu a posse dos membros e a eleição da nova presidência. O cargo será ocupado por Eraldo Correia Santos, presidente da Coopasul (Cooperativa de Produtores Rurais e Agricultores Familiares de Valença e Território Baixo Sul da Bahia).
O secretário da Seagri, Pablo Barrozo, que participou de forma virtual, destacou a importância estratégica do dendê para a economia e a cultura do estado. “Hoje demos um passo significativo para o fortalecimento dessa cadeia produtiva. A criação da Câmara Setorial permitirá a elaboração de ações concretas para impulsionar a produção do dendê na Bahia. Desejo boas-vindas a todos os membros e um excelente trabalho conjunto”, afirmou.
O presidente eleito da Câmara, Eraldo Correia Santos, ressaltou que a produção do fruto vem enfrentando queda nos últimos anos, devido a fatores como o surgimento de pragas e a falta de sucessores na atividade. “Lutamos há anos pela criação desta Câmara, que agora nos permitirá avançar na formulação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do setor”, declarou.
Entre as vertentes do programa estão o controle de pragas, adoção de novas tecnologias, assistência técnica, busca por Indicação Geográfica (IG), estudos de mercado para consumo interno e exportação, além da implantação de iniciativas de turismo rural. Em 2024, a Bahia ocupou o terceiro lugar no ranking nacional de produção de dendê, com 40.720 toneladas. O desempenho foi impulsionado por municípios como Jaguaripe (14.711 t), Valença (6.744 t), Ituberá (4.584 t) e Taperoá (4.488 t). O Pará segue líder nacional, com mais de 3 milhões de toneladas, voltadas majoritariamente para o setor de biocombustíveis.
O diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri, Assis Pinheiro Filho, destacou o caráter singular do dendê baiano. “O azeite produzido aqui carrega uma forte tradição cultural, é base da culinária de matriz africana e do trabalho das baianas do acarajé. Queremos fortalecer essa cultura, valorizando o sabor, o aroma e as características únicas do dendê da Bahia.”
A próxima reunião da Câmara Setorial do Dendê está marcada para 3 de dezembro, durante a Fenagro 2025, no Parque de Exposições de Salvador, na Avenida Luís Viana Filho (Paralela).
Câmara Setorial do Dendê
Instituída pela Portaria Estadual nº 26/2023, a Câmara Setorial do Dendê tem a missão de acompanhar, analisar e propor instrumentos de promoção do agronegócio, articulando o setor público, o privado e a sociedade civil. O colegiado conta com 33 instituições integrantes, entre elas a Seagri, Coopasul, Adab, Abam, Conab, Ufba, Sepromi, SDE, Bahiater, Faeb, Cooprocam, Unisol, Opalma e Ipac, além de associações quilombolas e de produtores familiares do Baixo Sul.
Cultura e tradição
O dendê é o fruto da Elaeis guineensis, palmeira originária do Golfo da Guiné, introduzida na Bahia no século XVII pelos povos africanos escravizados. O estado foi líder nacional de produção até a década de 1990, quando foi superado pelo Pará. O azeite de dendê, extraído da polpa do fruto, é um dos principais ingredientes da culinária baiana, presente em pratos típicos e rituais das religiões de matriz africana, além de ser utilizado em produções artesanais.
Fonte: Ascom/Seagri





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