Roda de Conversa celebra os 35 anos do Bando de Teatro Olodum


Na véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) celebrou, na tarde desta terça-feira (19), no Auditório Jornalista Jorge Calmon, os 35 anos do Bando de Teatro Olodum. Gestores estaduais, representantes de entidades, diretores, atores e artistas da companhia de teatro participaram da homenagem, uma proposição da deputada Fabíola Mansur (PSB), que ressaltou a trajetória do grupo na luta contra o racismo.

O Bando de Teatro Olodum é um rico patrimônio de nosso Estado e esta iniciativa representa o reconhecimento da Casa Legislativa a todos os que fizeram e fazem parte desse sonho, realizado com vigor, talento, criatividade e muito compromisso com a cultura e o combate a todas as formas de discriminação e censura”, afirmou. A socialista destacou ainda a importância de se comemorar a existência da companhia, que foi criada em 17 de outubro de 1990, a partir das ideias do diretor de teatro, Márcio Meirelles, com o aval e apoio do Grupo Cultural Olodum.

A relevância desta homenagem é atestada pelo imenso sucesso dos espetáculos encenados pelo Bando de Teatro Olodum Brasil afora, mas também por todo o legado que resulta dos diversos projetos que foram desenvolvidos em mais de três décadas, a exemplo de Outras Áfricas, Respeito aos Mais Velhos, Tomaladacá e Terças Pretas. Esses projetos contribuíram para formação de artistas e plateias, levando uma mensagem de luta, identidade e resiliência através da dança, canto e performance artística”, salientou a parlamentar.

LEI ESTADUAL

Em pronunciamento de saudação aos integrantes da companhia, a procuradora especial da Mulher da ALBA enfatizou ser uma pessoa branca que sempre está preocupada com as causas da população negra. Como exemplo de sua atuação, a deputada lembrou que era de sua autoria uma lei estadual, sancionada em novembro de 2023 pelo governador Jerônimo Rodrigues, proibindo a nomeação para cargos públicos de pessoas que tenham sido condenadas por crimes de racismo e injúria racial. “Desde o seu surgimento, há 35 anos, o Bando de Teatro Olodum sempre vivenciou de perto essa luta de enfrentamento ao racismo. Vida longa a esta companhia, que mistura arte, corpo e resistência, gerando transformação social”, frisou a deputada.

A celebração foi iniciada com uma roda de conversa, conduzida pela doutora em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da Bahia, Mabel Freitas. Também especialista em Cultura Afro-Brasileira pela Unifacs, ela é pesquisadora há 15 anos da história do Bando de Teatro Olodum. A professora contou, em literatura de cordel, como foi essa caminhada de sucesso, citando espetáculos a exemplo de Essa é a Nossa Praia; Ó Paí Ó; Bai Bai, Pelô; Erê pra Toda a Vida-Xirê; Zumbi está Vivo; Ópera de 3 Mirréis; e Cabaré da Rrrrraça, o espetáculo mais popular. “São 35 anos de produção ininterrupta e difusão do conhecimento dentro e fora do Brasil. O palco é a estratégia de resistência desse herói vegetal que interpenetra as vertentes artísticas com originalidade genial”, rimou Mabel.

COR DA NOITE

A arte de encenar, ofício profissional do Bando de Teatro Olodum, também marcou presença na roda de conversa, que abriu espaço para uma apresentação dos atores e arte-educadores Deyse Ramos, Robson Mauro e Naira da Hora. Um vídeo institucional da companhia foi exibido durante os debates, mostrando “que é preciso ter coragem para ter na pele a cor da noite”. Cássia Valle, atriz e diretora, frisou que a companhia lhe deu régua e compasso, foi sua grande universidade, um grupo que continua lutando cotra o racismo. “Cada vez mais eu percebo que o Bando de Teatro Olodum é um documento, pois todas as nossas peças falam da realidade de um momento e tenho certeza que as pessoas, daqui a um tempo, vão poder mergulhar em nossos espetáculos conhecendo parte da história de nosso país”, acrescentou.

Participaram da roda de conversa o ator e produtor cultural, Fábio Santana; o cantor, compositor e diretor musical, Jarbas Bittencourt; a única presidente mulher do Grupo Cultural Olodum, Cristina Rodrigues; o representante da Fundação Gregório de Matos, o diretor artístico George Vladimir; a ex-deputada federal, Elisângela Araújo; e o representante da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), o sociólogo Ailton Ferreira. Na plateia, foram reverenciados diversos integrantes do grupo, como Arlete Dias, Leno Sacramento e Jamile Alves. “Viva o Bando de Teatro Olodum, viva a cultura e a luta antirracista”, finalizou a deputada Fabíola Mansur.



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