O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante 02 de junho de 2025 | 15:04
Mercadante defende desenvolver indústria naval com responsabilidade após ‘erros graves’
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira (2) que o país tem atualmente muito mais experiência e maturidade para desenvolver a indústria naval com responsabilidade, após “erros graves” no passado.
A declaração ocorreu durante evento da iniciativa BNDES Azul, na ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. A agenda foi realizada em conjunto com a Marinha do Brasil.
O programa BNDES Azul promete ações com foco na preservação da biodiversidade marinha e no desenvolvimento sustentável da economia do mar.
“Quero dizer que nossa carteira do Fundo da Marinha Mercante hoje já está em R$ 21 bilhões no acumulado historicamente. É uma força grande que nós temos”, disse Mercadante.
“Foram cometidos erros graves no passado. Acho que hoje nós temos muito mais experiência, muito mais maturidade, para poder desenvolver a indústria naval com responsabilidade, como está sendo feito”, completou.
Mercadante não chegou a detalhar quais teriam sido os erros cometidos anteriormente. A plateia do evento era composta em grande parte por integrantes da Marinha. O presidente do BNDES saiu da agenda sem dar entrevistas à imprensa.
O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, também era aguardado na cerimônia no Rio, mas não compareceu. Conforme a assessoria da instituição, o motivo da ausência foi a agenda dele em Brasília.
Esta não é a primeira vez que Mercadante defende o fortalecimento da indústria naval. Na cerimônia de lançamento da iniciativa BNDES Azul, em janeiro de 2024, ele declarou que o país precisava retomar a construção de navios, sem esquecer erros cometidos no passado.
“Como um país que é um dos três no mundo que constroem e certificam avião não vai fazer, não pode fazer ou não deve fazer navio?”, questionou o presidente do BNDES na ocasião.
Medidas de estímulo à indústria naval em gestões anteriores do PT foram alvos de críticas de uma ala de economistas que apontava falta de competitividade do Brasil.
A reativação das atividades é uma promessa de campanha do presidente Lula (PT). O ciclo de investimentos no setor foi interrompido após a descoberta de esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.
Nesta segunda, Mercadante disse existir uma “forte demanda” pela reativação da navegação fluvial, com barcos de apoio, e afirmou que agora também há “encomendas mais fortes e promissoras”.
Em seu discurso, o presidente do BNDES também destacou a importância dos oceanos para a economia mundial, além da busca por descarbonização da frota de navios.
“Estamos numa curva de aprendizado e agora temos um desafio gigantesco que é a descarbonização da frota. Ao que ele [Mercadante] está se referindo, pelo menos no que a gente vem discutindo no banco, é como o Brasil pode estar à frente desse processo e não perder mais uma janela de oportunidade”, afirmou a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, em entrevista a jornalistas após o evento da iniciativa BNDES Azul.
“Quem no mundo tem oportunidade de liderar essa agenda? O Brasil, não só pelo tamanho de sua costa, mas pela experiência em biocombustíveis”, acrescentou.
O programa BNDES Azul teve o anúncio de novas ações nesta segunda. O destaque, segundo o banco, foi o lançamento de uma chamada de projetos voltados à proteção de ilhas oceânicas brasileiras, com orçamento total de R$ 80 milhões.
Entre os objetivos estão o controle de espécies invasoras, o monitoramento ambiental e o desenvolvimento de bases para créditos de biodiversidade.
De acordo com o banco, podem se inscrever instituições sem fins lucrativos que apresentem projetos com valor mínimo de R$ 5 milhões.
O BNDES diz que poderá financiar até 50% de cada proposta aprovada. As inscrições estarão abertas no site do banco até 17 de outubro de 2025.
Mercadante ainda declarou nesta segunda que mantém conversas com autoridades para o lançamento de “blue bonds” (títulos azuis) na COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, marcada para novembro em Belém.
A ideia é criar opções de financiamento para projetos de preservação de oceanos. Seria uma iniciativa similar aos títulos verdes, os green bonds, que buscam apoiar iniciativas na área ambiental.
“Temos de avançar na economia circular e precisamos preservar a biodiversidade dos oceanos”, afirmou Mercadante.
Leonardo Vieceli, Folhapress
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