Mais de 240 moradores do município de Xique-Xique participaram da audiência pública sobre o Complexo Solar Carnaubal, empreendimento da Centrais Elétricas Carnaubal S.A. (CEC), promovida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). O encontro teve como objetivo apresentar os detalhes do projeto e esclarecer dúvidas da população. A audiência foi um espaço de diálogo entre lideranças comunitárias, representantes de associações rurais e a população local, que puderam conhecer o empreendimento, apresentar demandas e interagir diretamente com os técnicos responsáveis pelo estudo ambiental.
Com foco na transparência e na participação social, a atividade reforçou o compromisso do Inema com um processo de licenciamento ambiental participativo, sobretudo em projetos voltados à geração de energia limpa e ao desenvolvimento sustentável. As audiências públicas são etapas essenciais do licenciamento de empreendimentos com potencial impacto ambiental, garantindo que a sociedade participe das decisões que envolvem o seu território.
Presente no evento, o biólogo Carlos César Pinha, responsável pelo licenciamento ambiental do projeto e lotado na Coordenadoria de Energia e Infraestrutura do Inema, destacou a relevância da escuta popular. “A escuta da comunidade é fundamental, porque os moradores conhecem de perto a realidade ambiental onde o empreendimento será instalado. Essas contribuições ajudam a aperfeiçoar os estudos e programas socioambientais, garantindo um diagnóstico mais preciso e medidas eficazes de mitigação e compensação”, explicou. Pinha também ressaltou que projetos de energia limpa, como o Complexo Solar Carnaubal, fortalecem o desenvolvimento sustentável no estado, ao contribuírem para a transição energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Por fim, Cezar lembrou que o Inema tem investido em ações de aproximação com as comunidades. “Além das audiências públicas, realizamos oficinas preparatórias e mantemos programas de educação ambiental, geração de renda e comissões de acompanhamento, que garantem o diálogo contínuo entre o órgão e a população antes, durante e após a implantação dos empreendimentos”.
Representando a empresa responsável pelo empreendimento, o gerente de sustentabilidade, Alexandre Sanches destacou que o principal benefício do empreendimento será o impacto positivo na economia local, com a criação de empregos diretos e indiretos. “Uma obra desse porte movimenta de maneira significativa a economia de uma cidade como Xique-Xique e gera várias oportunidades de formação, ocupação e renda para a população local. Como priorizamos a contratação de mão de obra da própria região, há uma tendência de abertura de diversas vagas durante a fase de implantação”, afirmou. Ele ressaltou que o projeto foi estruturado com atenção especial à preservação ambiental e ao cumprimento das medidas previstas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).
“Desde o planejamento, uma das principais decisões foi retirar o empreendimento do perímetro da APA Lagoa de Itaparica, respeitando integralmente a área de preservação. Além disso, as reservas legais das propriedades arrendadas serão mantidas, o que contribui para a conservação ambiental da região”, explicou Alexandre.
O Complexo Solar Carnaubal será instalado na zona rural de Xique-Xique, em uma área de 1.132 hectares, próxima à rodovia BR-330, sentido Gentio do Ouro. O empreendimento é composto por 12 usinas fotovoltaicas (UFVs), com potência total de 600 megawatts (MW), distribuídas em propriedades como as fazendas Riacho, Carnaúba, Santo Antônio, Riacho Alegre, São Pedro e Colina. A obra prevê a geração de 900 empregos diretos e 3.600 indiretos na fase de instalação, além de 12 empregos diretos durante a operação. O cronograma de execução é estimado em 18 meses, contemplando as etapas de mobilização, montagem civil e elétrica, construção da subestação e comissionamento.
A moradora da Lagoa de Itaparica, que fica em Xique Xique, Gilvania Monteiro, ressaltou a importância da realização das audiências públicas. “Considero essencial que essas reuniões aconteçam, porque a gente tem acesso às informações sobre o que está sendo planejado, o que pode afetar o nosso território e a nossa vida. A comunidade está, sim, com expectativa em relação a esse projeto. Existe uma esperança de que ele traga benefícios, como oportunidades de trabalho, principalmente para os jovens, que muitas vezes se formam, mas não encontram emprego”, disse.
Também participaram das discussões, representando o Inema, os técnicos da Diretoria de Regulação (DIRRE), a socióloga Hosane Gaspar, que representou o diretor-geral do órgão, o gerente químico Marcelo Guimarães, e Alexandra Hirsch de Sant’Anna, técnica lotada na Coordenação de Interação Social (CGDIS).
Esteve presente ainda o gestor Romeu Gomes, responsável pela Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa de Itaparica, unidade de conservação que protege a maior lagoa marginal do Rio São Francisco, abrangendo os municípios de Xique-Xique e Gentio do Ouro. “É muito importante estarmos aqui junto com os representantes das comunidades inseridas na área da Unidade de Conservação. Essa etapa de escuta é fundamental dentro do processo de licenciamento ambiental, pois permite que as pessoas entendam o projeto e participem ativamente, expressando suas opiniões, sugestões e até críticas quando necessário. A participação popular contribui para que os impactos negativos sejam minimizados e para que possamos buscar um equilíbrio entre a instalação do empreendimento, a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades que vivem nesse território”, reiterou Romeu.
O empreendimento também vai movimentar o comércio e os serviços da região, ampliar a arrecadação municipal e promover ações de capacitação e educação ambiental. Além dos ganhos sociais, o projeto contribui para o fortalecimento da matriz energética limpa da Bahia.
Fonte: Ascom/Inema





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